The Ruby Suns

26 março
[salão brazil, coimbra]
No por vezes errático imaginário de Ryan McPhun encontramos uma frágil figura cuja relevância é maior que a imensidão na qual permanece perdida. Ao longo da primeira faixa de Sea Lion, o fundador dos The Ruby Suns relata-nos a desventura de um solitário pinguim azul, que afastado da sua colónia, se encontra à deriva, ao sabor das inconstantes ondas do Pacífico Sul, o mesmo Pacífico que segundo McPhun trará ambos de volta a casa. 
 
Nascido na cidade de Ventura, California, McPhun cedo partiu para distantes paragens, rumando ao Quénia, seguindo-se a Tailândia e finalmente a Nova Zelândia. Ali conheceu Amee Robinson e juntos fundaram o projecto The Ruby Suns, inicialmente denunciando uma irreversível atracção pelo legado de Brian Wilson, tendo no entanto rapidamente evoluído para um combo tropicalista do qual nada é deixado de fora. Sea Lion, o seu segundo álbum de originais, aclamado pela imprensa ao longo de 2008, cruza a pop solarenga dos Beach Boys e dos Animal Collective com os ritmos e vibrantes vocalizações da África Austral, cabendo ainda neste melting pop uma marcada componente electrónica e alguns traços de noise ou psicadelismo. 

 
Os seus concertos são marcados por uma rara efervescência, como que espontâneos exercícios de contagiante inclusão. Na noite de 26 de Março, em Coimbra, espera-se uma celebração. Nessa mesma noite, todos nós nos deixaremos levar por uma inconstante onda vinda do Pacífico Sul.



Erica Buettner

05 março 2009
[kirsh, coimbra]
 
Quando escutamos pela primeira vez as suas composições, encontramos um traço familiar, que julgamos reconhecer de um prévio encontro. Ao convocar referências de um passado distante, seja um vinyl de Joan Baez ou uma gravação perdida de Nico, Erica Buettner pretende perpetuar o seu legado. 

O registo intimista encerra a memória da folk enquanto expressão de um autor preso à solidão do palco. A melancolia que percorre a sua escrita e cada uma das faixas que interpreta, é também ela portadora de uma dimensão narrativa, que encontra na sua voz e na guitarra a sua companhia. 

Será numa pequena sala do espaço Kirsh que Erica Buettner se apresentará ao público de Coimbra. A escolha de um espaço exíguo como aquele decorre dos traços da própria actuação, que se pretende depurada e cúmplice.